À Daiane Muniz – e a todas as mulheres que não sabem ver
Que o futebol é hoje no Brasil uma das mais importantes arenas para debates antirracistas e antimachistas, sabemos. Que uma parte significativa da mídia esportiva brasileira tem tentado mudar as práticas misóginas, homofóbicas e racistas, também sabemos. Mas o caminho ainda é longo para vermos o futebol como o espaço inclusivo e igualitário que desejamos. E isso lamentavelmente vimos na recente manifestação misógina do treinador Ramón Díaz contra uma “senhorita” árbitra do Video Assistant Referee, o chamado VAR. Disse Ramón Díaz:
“Com respeito aos árbitros, não podemos falar muito. Na última partida, o VAR foi uma senhorita, uma mulher, e foi pênalti. Me parece complicado que no VAR quem tenha que decidir seja uma mulher. Porque o futebol é tão dinâmico, com ações tão rápidas.”
Para Ramón, portanto, as mulheres não parecem ter as capacidades inatas requeridas para a função. São dotadas de um olhar mais lento, incapaz de captar as ações dinâmicas do jogo. Ora, em apenas três frases, com esta singela declaração, retornamos mais de um século ao debate dos médicos e higienistas sobre as faculdades diferenciadas de homens e mulheres, que as tornavam inaptas a algumas práticas, entre as quais as do futebol (Almeida e Rial, 2024; Almeida, 2019).
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