Por que 8 de março é o Dia Internacional das Mulheres?

08/03/2024 09:50

Por que 8 de março é o Dia Internacional das Mulheres?

autora: Victoria Nogueira Rosa 08/03/2024
valor.globo.com

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Data foi reconhecido pela ONU em 1975

O Dia Internacional da Mulher foi incluído no calendário brasileiro em 1975, após o reconhecimento da data pela Organização das Nações Unidas (ONU). Marcado para esta sexta-feira, o 8 de março tem objetivo de conscientizar sobre a importância dos direitos femininos.

A escolha do dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher está ligada a uma série de acontecimentos. Entre eles, a falsa história de um incêndio ocorrido em uma fábrica têxtil de Nova York, em 8 de março de 1857. A tragédia teria matado 129 operárias carbonizadas.

Outro episódio, comumente associado ao reconhecimento do 8 de março, também faz referência a um incêndio, desta vez verídico, em uma fábrica têxtil na cidade americana em 25 de março de 1911. O fato matou 146 pessoas. Dessas, 125 eram mulheres.

Clara Maria de Oliveira Araújo, professora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), ressalta a veracidade do incêndio em 1911. No entanto, aponta que a tragédia não foi fator determinante para a criação do Dia Internacional da Mulher, embora tenha reforçado os movimentos femininos que lutavam por direitos trabalhistas.

“Os empregadores da época implementavam uma série de medidas para manter controle sobre o processo de trabalho, muito pautado pela exploração e, também, para impedir formas de circulação e encontros dos trabalhadores. Para manter esse controle, as portas da fábrica, que funcionava em condições precárias, estavam fechadas no momento do incêndio. Como já vinha um processo de denúncias, greves e mobilizações, ele teve uma enorme repercussão”, explica a docente.

Apesar de ter sido reconhecida pela ONU apenas na década de 70 do século passado, o Dia Internacional da Mulher foi sugerido pela primeira vez em 1910 pela feminista alemã Clara Zetkin durante uma Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca. Cerca de 100 mulheres, de 17 países, concordaram com a sugestão.

Já a escolha do dia 8 de março tem relação com uma greve encabeçada por operárias russas, em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial. O movimento contribuiu com a primeira fase da Revolução Russa.

“A criação do dia 8 de março, na então União Soviética, está ligada ao que vamos chamar de primeira onda do movimento feminista, no final do século XIX. É um feminismo ligado às lutas operárias. Era comum que homens, mulheres e até crianças trabalhassem até 16 horas ininterruptas, e em condições insalubres, nas fábricas”, destaca Miriam Grossi, antropóloga e coordenadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Movimentos feministas

Outras ondas feministas surgiram nos anos seguintes. A segunda, por sua vez, é lembrada pela atuação das sufragistas — que lutavam pelo direito ao voto. “O movimento sufragista, que vai se tornar global, vai se apropriar do 8 de março, que já existia, vindo da União Soviética. Essa corrente vai ser mais conhecida pela presença de mulheres brancas de elites”, aponta Grossi.

A partir da década de 60, e sobretudo nos anos 70, cresce a onda libertária do movimento, com pautas ligadas ao direito ao corpo, aborto e sexualidade. É nesse período, e coincidindo com o reconhecimento da data pela ONU, que o 8 de março é rememorado pela primeira vez no Brasil. De lá para cá, Miriam lembra que é importante salientar que a data é de lutas.

“Nos anos 90, o Dia Internacional da Mulher se torna ‘um pouco’ como o Dia das Mães [no Brasil]. Isto é, começou a ser apropriado como uma data de consumo. ‘Não queremos flores’ é uma das palavras de ordem que existem no país. Flores significam que está tudo bem. E não está. Nós temos feminicídios, mulheres que morrem por consequência de abortos clandestinos. Além disso, elas não ganham o mesmo salário que os homens. É importante reafirmar que o 8 de março é uma data de lutas”, disse.

“Mães cientistas, políticas e com salários iguais aos de homens (…)”, Profa. Dra. Miriam Grossi faz fala pela SBPC para o jornal “O Globo”.

03/11/2022 10:42

Juntamente com a Antropóloga Mirian Goldenberg, a Profa. Dra. Miriam Grossi, diretora da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, participa em matéria para O Globo com comentário sobre a pauta de demandas na área cientifica das mulheres no futuro governo Lula.

 

Link de acesso a matéria na íntegra: Mães cientistas, políticas e com salários iguais aos de homens: entenda demandas de mulheres priorizadas por futuro governo Lula.

Link alternativo: Mães cientistas, políticas e com salários iguais aos de homens_ entenda demandas de mulheres priorizadas por futuro governo Lula.

Depoimento da Profa. Dra. Miriam Grossi para o projeto “Aqui Tem Diversidades” da UFSC

18/08/2022 18:38

“‘Estou há quase 30 anos na UFSC. Comecei a trabalhar aqui em 1989 como bolsista de pós-doutorado (na época se chamava recém-doutor) do CNPq e em 1991 ingressei através de concurso como professora adjunta. Acompanhei, nestas 3 décadas, uma transformação radical da composição dos alunos, das prioridades da Universidade. O que aconteceu?

Quando eu cheguei aqui, a UFSC já era uma Universidade cosmopolita, com professores de muitos lugares. Nos anos 80 o então reitor, professor Caspar Erich Stemmer, incentivou muito a chegada de professores com mestrado e doutorado, e o professor Silvio Coelho dos Santos, que foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, teve um papel importante nesta proposta de acolhimento de professores estrangeiros e de outros lugares do Brasil. Veio uma leva de pessoas, um grupo significativo de ex-militantes do movimento estudantil dos anos 70, e também do movimento feminista. Esses professores, entre os quais eu me incluo, tinham um engajamento político de oposição à ditadura militar e eram também engajados nos então chamados novos movimentos sociais.

Chegamos aqui querendo transformar o mundo, e a UFSC era esse mundo para a gente. Foi nessa época que começaram também os grandes movimentos dos professores e que se consolidou uma rede de pensamento crítico dentro da Universidade. Viemos para a UFSC com a utopia de uma vida melhor, em uma cidade pequena, fora dos grandes centros urbanos brasileiros. Florianópolis era então uma cidade paradisíaca, onde se podia experimentar uma proposta de vida alternativa, com menos consumo. (…)'”

Veja na íntegra em: https://diversidades.ufsc.br/miriam-pillar-grossi/

Actualités et Apories du Féminisme Décolonial d’Aby Ayala

14/07/2022 11:03

A professora Dra. Miriam Pillar Grossi foi debatedora no evento “Actualités et apories du féminisme décolonial d’Abya Yala aujourd’hui”, promovido pelo seminário “SHACAL e Semioses políticas do corpo” e pelo “Laboratório de estudos e pesquisas sobre as lógicas contemporâneas da filosofia” (LLCP, Paris 8), em 25 de fevereiro de 2022 na Universidade de Chicago em Paris. A fala principal, da qual a profa. Dra. Miriam Grossi foi uma das debatedoras, foi da teórica feminista Ochy Curiel.

Segue o link da gravação do evento abaixo: